segunda-feira, 9 de outubro de 2006

murphy e seus ensinamentos.

os filhos dos amigos dos pais todos têm filhos. e eu, que nunca fui dada a crianças, começo a sentir aflorar um maldito sentimento maternal. me desespero. tenho vinte e um anos. minha mãe tinha vinte e oito quando eu nasci. me desespero velozmente. tenho vinte e um anos e nenhum prospecto familiar. e, por algumas semanas, até meus prospectos acadêmicos ficaram um pouco enevoados. ando pelo shopping no domingo. aquele shopping da barra cheio de famílias contentes e pais recém tocados pela chegada dos pimpolhos. eu tenho vinte e um anos e absolutamente nenhum controle sobre o maldito cronômetro da vida. e isso, infelizmente, só faz as coisas parecem cada dia mais distantes. e lembrar que, quando eu menos acreditei e quando eu mais custei a aceitar, acabei caindo direitinho numa dessas armações de murphy. então, talvez, todos os testes de resistência que a sortes inúteis do orkut e os horóscopos falsos do jornal falam, estejam mesmo acontecendo. quanto menos esperança eu tenho e mais me volto para os afazeres acadêmicos, aprendendo a andar sem olhar para o lado, mais parece que murphy trama um novo enredo amoroso para que eu me envolva. qual a lição que ele quer me ensinar? quem dera eu pudesse decifrar. cada vez é mais dolorido. mas, com certeza, isso tudo deve ter uma explicação muito boa e sadia no fim. afinal, não é que dizem por aí que 'se não está bem é porque não acabou'? dizem, né? e eu faço de conta que eu acredito porque, só assim, parece menos absurdo eu ter vinte e um anos e não ter uma pessoa dividindo as coisas comigo.