dois perdidos numa noite suja. será?
nos entreolhávamos. sensação engraçada. um conhecer desconhecido. e um silêncio ensurdecedor. éramos dois perdidos. as mãos dele perdidas procuravam os bolsos do jeans. os meus lábios perdidos procuravam, incessantemente, outros que os fizessem companhias. chovia. e era o rio de janeiro. e os meio-fios transbordavam. eu queria um cigarro. ele queria uma resposta. e andávamos em voltas retas em nossos próprios pensamentos.
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- quem sabe se... - ele tratou de interromper-se.
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- se...? - instiguei.
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- se nada... nada não. - calou-se.
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quebra mal sucedida da camada de gelo que nos envolvia. ali, debaixo da marquise, esperávamos por algo que nos fosse salvar. uma epifania, talvez. mas nós éramos uma estória sem começo, meio ou fim. não lembro como havíamos parado ali e, tampouco, imagino para onde iríamos.
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ouvindo: adormecido - toranja.