blind my eyes and i still can see through the mist.
Rio de Janeiro, 18 de março de 2007, cerca de 20 horas, uma casa nova de espetáculos com uma capacidade aproximada de quatro mil pagantes e a promessa de um espetáculo aguardado por cerca de quatro anos e meio. Lá estava eu, com o coração na mão como muitos dos ali presentes, contando em ver a já mítica banda alemã que embalou os primeiros anos da descoberta do heavy metal por mim e por tantos outros que, como eu, tem um bem querer todo especial por estórias com um “quê” fantasioso.
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Para quem aguardou ansiosamente a volta dos bardos alemães do novo milênio, é possível que esse último encontro não tenha sido dos mais proveitosos. Em exata uma hora e meia de show, os músicos da banda Blind Guardian executaram um set list que fez referência a diferentes álbums de sua carreira embora, na opinião de muitos fãs - eu, inclusive -, as escolhas musicais pudessem ter sido mais bem feitas.
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Por volta das 20:15 as luzes se apagam. O público, alvoroçado, grita por Hansi Kürsch e sua trupe que, pouco a pouco, se posiciona no palco enquanto “War of Wrath”, uma espécie de introdução, soa. À minha esquerda, Andre Olbrich; no centro do amplo palco da Vivo Rio, o bardo líder Hansi Kürsch; à minha direita, Marcus Siepen e, em um tablado no fundo do palco, o baterista novo, Frederick Emkhe. A mágica se completara diante de nossos olhos tão esperançosos! E, como esperado, a banda segue com “Into The Storm”, uma canção sobre a obra do escritor britânico Tolkien, “O Sillmarilion”.
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Logo em seguida, os primeiros acordes de “Welcome to Dying” enlouquecem a casa lotada. Sim, lotada! E há quem diga que o Rio de Janeiro não oferece público para esse tipo de espetáculo! Hansi, então, visivelmente cansado - não são mais garotinhos, há de se convir -, cumprimenta o público com um acalorado “Ríou de Janeirou” e uma pequena conversa que culmina “Nightfall”, entoada em coro.
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Em seguida, “I’m Alive”. Dessa vez, a empolgação da platéia foi menor. Como o set list da apresentação em São Paulo havia vazado, acredito que todos nós estivéssemos esperando a gloriosa “Born in a Mourning Hall”, um dos clássicos da banda e, no entanto, fomos supreendidos com uma canção “fraca”, segundo boa parte dos fãs.
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Hansi, então, toma o microfone e nos conta sobre Peter Pan, nos convidando a participar de uma jornada mágica através da canção “Fly”, carro-chefe do novo álbum, “A Twist in the Myth”, e primeira das “novas” a ser executada. “Fly”, de longe, é a canção que mais se diferencia entre todas as apresentadas tendo um instrumental inusitado para uma banda com mais de vinte anos de carreira. Ousados, os alemães agradam o público mais uma vez.
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Para a minha surpresa e, acredito, a de muitos, seguem com “Valhalla”, que tem , em sua versão original, a participação de Kai Hansen (Gammaray / Iron Saviour). A canção, que tem cerca de oito minutos, ganhou sua versão “estendida” graças à nossa empolgação, que nos fez cantar incessantemente o refrão (“Valhalla! Deliverance! Why’ve you ever forgotten me?”) por mais, pelo menos, cinco minutos, fazendo até com que Hansi, Andre e Marcus, que estavam dispostos há poucos metros do público, parassem e nos ouvissem em uníssono. Um momento realmente memorável.
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Mais uma vez, Hansi conversa afavelmente com o público e anuncia “Bright Eyes”, inesperada porém clássica e muito bem recebida.
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A banda, então, propõe um momento acústico e as guitarras dão lugar a violões de doze e seis cordas. É hora de mais uma canção do novo álbum bem recebida pelos fãs, “Skalds and Shadows”, no melhor estilo “guardião cego”. Não tão surpreendentemente assim, outra cantada em uníssono e com aura mítica nos envolvendo.
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Até o presente momento, os alemães do Blind Guardian estavam quentes com a sua audiência. Então, foi a vez de “This Will Never End”, faixa do novo álbum, mas que não empolgou os mais velhos. Enfim, passou-se.
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“E agora nós vamos cantar uma canção sobre um cara realmente malvado.... O nome dele é Mordred!” E vamos todos ao delírio com “Mordred’s Song”, uma referência ao filho bastardo do Rei Arthur e pérola da carreira desses senhores.
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No entanto, no auge de nossa quentura, Hansi anuncia o fim. E, com ele, “And Then There Was Silence”, uma faixa de “A Night at the Opera”, com cerca de quinze minutos! Ousados, mais uma vez, especialmente em vista desse não ser um dos temas que mais agrada ao público do Blind Guardian. No entanto, houve quem cantasse junto. Enquanto a maioria de nós praguejava dizendo que, enquanto esses quinze minutos eram desperdiçados, outras canções clássicas e mais envolventes poderiam ter sido executadas.
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Os músicos saem do palco no ato diplomático que antecede o “bis”, mesmo que a platéia estivesse morna após a suposta última música. E, não mais que cinco minutos depois, retornam gritando “Vocês querem mais, Ríou?” e o público, claro, responde com vigorosos “Sim!”
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È a vez de “Imaginations From The Other Side”, figurar no set list. De repente estávamos todos quentes novamente, pulando e acompanhando os gestos de Hansi, que abria os braços e fazia como quem vai se jogar na platéia para deleite dos que ali estavam presentes.
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Um momento de calmaria, então, é anunciado. Novamente saem as guitarras e entram os violões e os banquinhos acolchoados. O público se emociona com os acordes de “The Bard’s Song (In The Forest)” e canta com o coração e a alma. Nesse momento, Hansi simplesmente se cala e deixa que nós cantemos até o fim. Alguns choram, outros se abraçam, alguns brindam com copos de cerveja. O clima é de paz, de emoção. E a banda não disfarça que isso os atingiu também. Hansi reverencia o público com olhos marejados.
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Pressentindo o fim da noite, a platéia começa a gritar calorosamente “Mirror, Mirror”, outro clássico da banda. A banda se entreolha surpresa. Talvez fosse encenado, talvez eles realmente não pretendessem executar essa canção mas, no fim das contas, conseguimos o que tanto havíamos pedido. Encerrando, enfim, com chave de ouro, “Mirror, Mirror” é executada para delírio das cerca de quatro mil cabeças presentes. Com apenas uma hora e meia de show; Hansi, Andre, Friedrik e Marcus emocionam os cariocas.
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Na saída, inúmeras reclamações. Por onde quer que eu passasse, grupinhos reunidos discutindo o que deveria ter sido tocado e o que poderia ter sido excluído. Apesar da aparente comoção durante o espetáculo, o saldo parece não ter sido tão positivo no fim das contas. Eu, particularmente, achei tudo um pouco corrido, rápido demais. E, apurando, descobri que nos show de São Paulo, eles executaram dezessete faixas, em Belo Horizonte, dezesseis e, no Rio de Janeiro, apenas quinze. O motivo talvez tenha sido o cansaço aparente dos velhos bardos. A cada faixa; Hansi, Andre e Marcus, “botavam os bofes para fora”. O público parecia não se importar, no entanto.
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Por fim, nos resta esperar. E que não sejam longos e tenebrosos quatro anos e meio.
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Set List, Rio de Janeiro (18/março/2007):
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01 - War Of Wrath
02 - Into The Storm
03 - Welcome To Dying
04 - Nightfall
05 - I'm Alive
06 - Fly
07 - Valhalla
08 - Bright Eyes
09 - Skalds and Shadows
10 - This Will Never End
11 - Mordred's Song
12 - And There Was Silence
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[bis]
13 - Imaginations from the Other Side
14 - The Bard's Song (In The Forest)
15 - Mirror Mirror
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Para quem aguardou ansiosamente a volta dos bardos alemães do novo milênio, é possível que esse último encontro não tenha sido dos mais proveitosos. Em exata uma hora e meia de show, os músicos da banda Blind Guardian executaram um set list que fez referência a diferentes álbums de sua carreira embora, na opinião de muitos fãs - eu, inclusive -, as escolhas musicais pudessem ter sido mais bem feitas.
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Por volta das 20:15 as luzes se apagam. O público, alvoroçado, grita por Hansi Kürsch e sua trupe que, pouco a pouco, se posiciona no palco enquanto “War of Wrath”, uma espécie de introdução, soa. À minha esquerda, Andre Olbrich; no centro do amplo palco da Vivo Rio, o bardo líder Hansi Kürsch; à minha direita, Marcus Siepen e, em um tablado no fundo do palco, o baterista novo, Frederick Emkhe. A mágica se completara diante de nossos olhos tão esperançosos! E, como esperado, a banda segue com “Into The Storm”, uma canção sobre a obra do escritor britânico Tolkien, “O Sillmarilion”.
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Logo em seguida, os primeiros acordes de “Welcome to Dying” enlouquecem a casa lotada. Sim, lotada! E há quem diga que o Rio de Janeiro não oferece público para esse tipo de espetáculo! Hansi, então, visivelmente cansado - não são mais garotinhos, há de se convir -, cumprimenta o público com um acalorado “Ríou de Janeirou” e uma pequena conversa que culmina “Nightfall”, entoada em coro.
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Em seguida, “I’m Alive”. Dessa vez, a empolgação da platéia foi menor. Como o set list da apresentação em São Paulo havia vazado, acredito que todos nós estivéssemos esperando a gloriosa “Born in a Mourning Hall”, um dos clássicos da banda e, no entanto, fomos supreendidos com uma canção “fraca”, segundo boa parte dos fãs.
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Hansi, então, toma o microfone e nos conta sobre Peter Pan, nos convidando a participar de uma jornada mágica através da canção “Fly”, carro-chefe do novo álbum, “A Twist in the Myth”, e primeira das “novas” a ser executada. “Fly”, de longe, é a canção que mais se diferencia entre todas as apresentadas tendo um instrumental inusitado para uma banda com mais de vinte anos de carreira. Ousados, os alemães agradam o público mais uma vez.
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Para a minha surpresa e, acredito, a de muitos, seguem com “Valhalla”, que tem , em sua versão original, a participação de Kai Hansen (Gammaray / Iron Saviour). A canção, que tem cerca de oito minutos, ganhou sua versão “estendida” graças à nossa empolgação, que nos fez cantar incessantemente o refrão (“Valhalla! Deliverance! Why’ve you ever forgotten me?”) por mais, pelo menos, cinco minutos, fazendo até com que Hansi, Andre e Marcus, que estavam dispostos há poucos metros do público, parassem e nos ouvissem em uníssono. Um momento realmente memorável.
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Mais uma vez, Hansi conversa afavelmente com o público e anuncia “Bright Eyes”, inesperada porém clássica e muito bem recebida.
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A banda, então, propõe um momento acústico e as guitarras dão lugar a violões de doze e seis cordas. É hora de mais uma canção do novo álbum bem recebida pelos fãs, “Skalds and Shadows”, no melhor estilo “guardião cego”. Não tão surpreendentemente assim, outra cantada em uníssono e com aura mítica nos envolvendo.
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Até o presente momento, os alemães do Blind Guardian estavam quentes com a sua audiência. Então, foi a vez de “This Will Never End”, faixa do novo álbum, mas que não empolgou os mais velhos. Enfim, passou-se.
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“E agora nós vamos cantar uma canção sobre um cara realmente malvado.... O nome dele é Mordred!” E vamos todos ao delírio com “Mordred’s Song”, uma referência ao filho bastardo do Rei Arthur e pérola da carreira desses senhores.
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No entanto, no auge de nossa quentura, Hansi anuncia o fim. E, com ele, “And Then There Was Silence”, uma faixa de “A Night at the Opera”, com cerca de quinze minutos! Ousados, mais uma vez, especialmente em vista desse não ser um dos temas que mais agrada ao público do Blind Guardian. No entanto, houve quem cantasse junto. Enquanto a maioria de nós praguejava dizendo que, enquanto esses quinze minutos eram desperdiçados, outras canções clássicas e mais envolventes poderiam ter sido executadas.
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Os músicos saem do palco no ato diplomático que antecede o “bis”, mesmo que a platéia estivesse morna após a suposta última música. E, não mais que cinco minutos depois, retornam gritando “Vocês querem mais, Ríou?” e o público, claro, responde com vigorosos “Sim!”
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È a vez de “Imaginations From The Other Side”, figurar no set list. De repente estávamos todos quentes novamente, pulando e acompanhando os gestos de Hansi, que abria os braços e fazia como quem vai se jogar na platéia para deleite dos que ali estavam presentes.
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Um momento de calmaria, então, é anunciado. Novamente saem as guitarras e entram os violões e os banquinhos acolchoados. O público se emociona com os acordes de “The Bard’s Song (In The Forest)” e canta com o coração e a alma. Nesse momento, Hansi simplesmente se cala e deixa que nós cantemos até o fim. Alguns choram, outros se abraçam, alguns brindam com copos de cerveja. O clima é de paz, de emoção. E a banda não disfarça que isso os atingiu também. Hansi reverencia o público com olhos marejados.
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Pressentindo o fim da noite, a platéia começa a gritar calorosamente “Mirror, Mirror”, outro clássico da banda. A banda se entreolha surpresa. Talvez fosse encenado, talvez eles realmente não pretendessem executar essa canção mas, no fim das contas, conseguimos o que tanto havíamos pedido. Encerrando, enfim, com chave de ouro, “Mirror, Mirror” é executada para delírio das cerca de quatro mil cabeças presentes. Com apenas uma hora e meia de show; Hansi, Andre, Friedrik e Marcus emocionam os cariocas.
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Na saída, inúmeras reclamações. Por onde quer que eu passasse, grupinhos reunidos discutindo o que deveria ter sido tocado e o que poderia ter sido excluído. Apesar da aparente comoção durante o espetáculo, o saldo parece não ter sido tão positivo no fim das contas. Eu, particularmente, achei tudo um pouco corrido, rápido demais. E, apurando, descobri que nos show de São Paulo, eles executaram dezessete faixas, em Belo Horizonte, dezesseis e, no Rio de Janeiro, apenas quinze. O motivo talvez tenha sido o cansaço aparente dos velhos bardos. A cada faixa; Hansi, Andre e Marcus, “botavam os bofes para fora”. O público parecia não se importar, no entanto.
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Por fim, nos resta esperar. E que não sejam longos e tenebrosos quatro anos e meio.
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Set List, Rio de Janeiro (18/março/2007):
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01 - War Of Wrath
02 - Into The Storm
03 - Welcome To Dying
04 - Nightfall
05 - I'm Alive
06 - Fly
07 - Valhalla
08 - Bright Eyes
09 - Skalds and Shadows
10 - This Will Never End
11 - Mordred's Song
12 - And There Was Silence
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[bis]
13 - Imaginations from the Other Side
14 - The Bard's Song (In The Forest)
15 - Mirror Mirror

