
ela acorda só. olha em volta, checa as horas no celular. nenhuma mensagem sua. ela levanta, espreguiça, joga o edredon para o lado, boceja e se olha no espelho, localizado no armário e de frente para a cama. olhos fundos, olheiras infinitas. hoje ela queria ver o horizonte distante, mas contentou-se em saber que de ontem em diante será o que ela é, visto que ontem, hoje e amanhã são dias iguais, dias tão iguais. anda até a cozinha e faz um café. a calça de moletom surrada arrastando no chão de cerâmica frio onde pisa, descalça. de repente lembra do sorriso tímido da sua boca pequena naquela mesa cheia de gente esquisita por todo lado. você sorriu e propôs que ela te deixasse em paz, você disse para ela ir. e ela foi, ao contrário da tão conhecida canção. ela olha o relógio, eram mais de nove, estava atrasada e sem ânimo. não ia para a aula. olha em volta de novo. por que angustia tanto o agora? agora que as cartas estão na mesa e ela sabe bem, o que angustia tanto e aperta o peito vez em quando, quando em vez? lembra dos olhos. você é tão sério. mas tem doçura ali. bem de leve, bem de longe. nas brincadeiras que você faz ela até consegue ver um carinho diferente. e ela sabe o que você sente, e você diz saber. ela acorda só e anda só pela casa. hoje ela não quer ver o mundo lá fora. hoje tudo está sem graça. ela lembra de você, com um esperança que parece não se findar. e é difícil. mas ela sabe que isso, hoje, a mantém mais viva do que ontem.
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ouvindo: crush (dave matthew's band) - 3steps.