eu sinto que sei que sou um tanto bem maior.
a cerveja gelada da padaria e dois dedos de prosa, por favor. o único problema é que você não é uma pessoa, me entende? você é um aglomerado de palavras que pulam, dançam, cantam e se desprendem pra fazerem parte de outros aglomerados de palavras. você não é de carne, osso, sangue e, certamente, não sangra se eu lhe cortar aqui e agora, na minha imaginação. ligo pouco se você é pura demagogia, só sei que toda a sua suposta atuação me contagia. não é quem você é, é o que você faz. e o que você faz, faz comigo e faz bem. mesmo que você não saiba, interagimos. você, ao meu ver, está no seu direito de fingir porque, dizem por aí que todo poeta é fingidor assim como o palhaço nada mais é que um homem pintado. não preciso do convencimento, as palavras que vão se desprendendo de você vão se prendendo em mim. razão suficiente para admirá-lo, o seu 'eu' que é um 'eu' abstrato e nutrido pelas mentes de quem se deixa levar, é a fantasia que você coloca nos meus dias, nos nossos dias. se a sua demagogia me faz bem, pois não... que ela entre nas minhas veias me fazendo sorrir, cantar, ter fé que ainda há gente de bem, há coisas do bem, há amor, há magia nesse mundo. o mágico é o ilusionista, e se você ilude quem ouve sendo um personagem de cara pintada no palco, não condeno. a gente só é quem realmente é pro nosso mais íntimo. pro mundo, a gente é quem melhor nos aprouver ser. e você é bem aquilo que eu quero e preciso que você seja: poeta, palhaço, mágico. feito de palavra, de tinta, de luz, de notas musicais e de riso emprestado de quem lhe assiste.
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ouvindo: soprano - o teatro mágico.