terça-feira, 7 de agosto de 2007

um segundo.

sempre soubera que seu tempo era diferente. um segundo que fosse era capaz de colocá-la de joelhos, as mãos apoiadas no chão, como tivesse sido fortemente golpeada. nocauteava-se por o que muitos que se dizem maduros acham "pouco". afinal, o que é "pouco"?
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naquele um segundo em que decidiu pôr os dedos a digitar uma mensagem, caiu por terra. viu-se estatelada, como se algo a prendesse ao chão. viu-se fraca e incapaz de levantar-se. viu-se dominada, subimissa. e, se ao menos, ele o soubesse... quem sabe o que faria?
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prosseguiu com a, então, "brincadeira". sabia que cada passo que desse, inevitavelmente, prenderia-a mais à ele. muitos a diziam que aquilo era pouco, mas a ela sempre foi mais interessante o intangível. gostava do exagerado, do que invadia a alma, do que tomava o coração, do que tinha um "quê" de doença e ardia pelas noites impedindo-a de concentrar-se no resto da vida.
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estava de joelhos. pronta para entregar-se por completo se assim ele quisesse. pôs-se à sua disposição, fez-se sua antes mesmo que ele a pedisse. e, apesar de, por algum tempo, ter dito que era madura e capaz apenas de apaixonar-se por quem bem conhecia, contradisse essa história toda.
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ela o quis. e quis ser dele. e quis doar-se para ele por muito e muito tempo. ela submeteu-se e subverteu-se.
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ele passou por ela. com as mãos, levantou-a do chão. olhou-a nos olhos e disse que ela deveria ir.
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foi naquele um segundo, naquele outro segundo, que um mundo construido em vinte e dois anos quebrou-se por inteiro. e os olhos dela nunca mais foram os mesmos. e os segundos dela nunca mais foram imensuráveis. e nada nela é agora o que poderia ter sido.
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ouvindo: never again - kelly clarkson.