sábado, 27 de outubro de 2007

two step.

cabral na lanhouse.. diz:
ah, eu tenho uma mania estranha de me imaginar namorando fulana ou cicrana.

[ana] olha bem pra mim, o melhor já passou diz:
eu também! mas não é tão estranho assim. muita gente faz isso.

cabral na lanhouse.. diz:
mas imaginar como seria estar com uma pessoa? se vocês se dariam bem, etc?

[ana] olha bem pra mim, o melhor já passou diz:
sim!
imaginar como seria estar de mãos dadas com essa pessoa pela rua.
como seria estar entre os amigos dela. como seriam os pais dela.
como seria dormir abraçada com ela.

cabral na lanhouse.. diz:
é.
então não é tão estranho assim.

[ana] olha bem pra mim, o melhor já passou diz:
não. eu faço isso sempre.
sempre. sempre. e sempre.

cabral na lanhouse.. diz:
iiih! aposto que tá pensando no cara lá.

[ana] olha bem pra mim, o melhor já passou diz:
hahahaha!
pára!



"eu vi você...

e se eu fosse o astronauta pisando pela primeira vez na lua, não veria a incrível esfera azul. sim, veria esse rosto cândido. pois ele é para mim mais que todo o universo.

e se, agora, tivesse eu a opção de atentar nas coisas insignificantes à nossa volta, perceberia como tudo está estático. como o tempo é petrificado. congelado. estancado no momento da contração da minha pupila ao lhe ver alheia. pasmo e apaixonado!

veria a gota d’água equilibrada no espaço logo depois de saída do bico da torneira, qual cena de alta resolução no cinema.

veria o avesso do som sem ter como se propagar. já que até o imperceptível, delicado e afoito movimento das asas daquela que desliza bela, abelhinha, seria o necessário, ou melhor, o suficiente para romper, irromper, corromper com tristeza lacerante e terna; quebrar, estilhaçar, como uma pedra na vidraça, como o agudíssimo da soprano frente ao cristal, como a bomba de hiroxima bem no meio do meu quintal, esse único e infinito momento.

contraditoriamente, se todos os bilhões de homens, mulheres e crianças gritassem furiosamente no mesmo instante, e ainda tendo como aliados todos os seres animados e inanimados que possam provocar alguma espécie de ruído; essa enorme e inédita grita, seria, aos meus ouvidos atentos ao seu suave arfar, como uma pena de andorinha alva vinha caindo do pináculo da cordilheira dos andes no epicentro negrume abissal da terra.

volto a afirmar que toda essa ladainha, todo esse suposto infame e tudo mais são meros delírios. já que até o vento, neste instante, é empedernido."


(luís galdino)