participo do seu jogo.

vou jogar. acho graça dessa única jogatina que me atrai. e me distrai. essa coisa de brincar de gato e rato com você, me esgueirando pelas entrelinhas no messenger. vamos nos disfarçando em cada caractér. eu não digo o que eu quero, você não diz o que quer. e seguimos os dois apostando firme nas nossas cartas, vendo quem desiste primeiro e se entrega à tensão.

a tensão é boa. mas é melhor ao vivo. quando eu fizer você ficar em silêncio com um "oi, tudo bom?" não criando margem para uma conversa fluente. então, meu caro, estaremos os dois frente à frente num indubitável constrangimento de momento primeiro. assim é o jogo.

dedos flexionados contra a mesa. olhos desviantes. em câmera lenta cada um se move. um pouco mais para a esquerda, um pouco mais para a direita. procuramos o foco. sorrio. digo qualquer besteira. ao vivo não tem bate-rebate. é mais difícil.

então os corpos vão se chocar levemente. ombros se tocam e, no canto da boca, vem a covinha do sorriso. é exatamente aí que o clímax quer acontecer. e poderia até depender de mim, mas como boa jogadora, passo a bola pra você. e se você quiser, arrisca.

estamos jogando. eu estou jogando as minhas fichas na sua mão.


é tão certo
quanto o calor do fogo
eu já não tenho escolha
e participo do seu jogo.



ouvindo: dedication - pain of salvation.