domingo, 23 de março de 2008

somos quem podemos ser.

não quero mudar o mundo. não cantarei "pra não dizer que não falei de flores" do vandré por mais que digam que é um hino de uma geração, que cabe nos dias atuais, que é isso e aquilo assado com molho branco e batatas. não vou fazer trabalho voluntário. não ergo bandeira de ação humanitária. não vou criticar quem ganha três mil reais e acha pouco.

eu quero ser eu e fazer o que eu sei fazer, como eu acho que devo fazer. e não quero ser tim lopes pro jornalismo. e não quero ser madre teresa pro mundo. e não quero criar luta em cima de ideal nenhum que não seja o meu de vida.

o meu bem é pra quem me faz bem, pra quem eu gosto e quero bem. é pra quem acredita e confia em mim, pra quem me respeita. é pra quem precisa de mim, mesmo sem admitir que precisa. é pra quem tá aqui do meu lado o tempo todo, mesmo sem admitir que tá. o meu bem é pra quem eu amo, pra quem me dói ver mal, pra quem tenho medo de perder a qualquer instante, mesmo que a recíproca não seja das mais verdadeiras.

e se cada um pudesse fazer bem pra quem quer bem, o mundo já seria melhor. muito melhor, arrisco dizer. mas ser egoísta é ser incapaz de fazer uma coisa boa pra quem ama a gente, pra quem tá do lado da gente. desafio é fazer bem pra uma pessoa que machucou a gente, que destruiu a gente intencionalmente ou não e que, ainda assim, a gente respeita, admira e prontamente se divide, multiplica ou soma pra poder estender a mão se a pessoa precisar (as pessoas que estão nessa situação na minha vida sabem muito bem que é assim mesmo. elas sabem muito bem que eu dou o sangue, literal e não-literalmente por elas, se elas precisarem.).

e quem é incapaz de dizer que ama, que sente saudade, de se oferecer pra fazer um favor sem precisar esperar a pessoa pedir, de ter uma palavra bonita pra qualquer momento em que a pessoa procura, pra procurar quando a pessoa não procura, é que é egoísta de verdade.

eu tenho muito, muito amor em mim. eu tenho muito respeito, muito carinho, muita admiração, muita confiança... eu tenho em mim uma vontade inenarrável de fazer o bem e sem nem mesmo esperar nada em troca. mas esse meu "fazer o bem" tem nome, endereço, telefone. porque é assim que eu funciono. e eu não tenho vergonha disso. não tenho vergonha de não querer mudar o mundo e querer poder, com todas as forças, fazer uma pessoa que eu gosto mais feliz. eu tenho bastante orgulho de procurar, cada dia mais, fazer as pessoas a minha volta mais felizes e fazer as pessoas que eu respeito, admiro e amo, mais em paz consigo mesmas. é ISSO que me deixa em paz, mais em paz que qualquer "boa ação" que eu pudesse vir a fazer. eu sou feliz fazendo quem eu gosto feliz, ainda que eu não seja correspondida por todas as pessoas que fazem parte de mim, verdadeiramente.

eu não sou egoísta. o meu bem eu faço, do meu jeito.




ouvindo: somos quem podemos ser - engenheiros do hawaii.
"nós somos quem podemos ser
sonhos que podemos ter
(e teremos!)"