terça-feira, 31 de outubro de 2006

olhos verdes.


os olhos verdes rasgaram o silêncio do quarto. moveu-se para um lado. e para o outro. abriu a janela. o sol rasgou a escuridão. e tudo foi se rasgando. pedaço aqui, pedaço ali. ela foi juntando. os olhos verdes e vivos. sempre a procura de explicação. e expiação. das muitas coisas que pensa e sonha e mal sabe.
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essa noite ela sonhou. acordou trêmula. queria parecer indestrutível, mas não é. os olhos verdes lacrimejaram. tanta força havia reunido no último mês. estava em pé sobre seus próprios pés. mas, essa noite, como um que com um golpe, caiu por terra.
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aqueles olhos verdes rasgaram a calma falsa do quarto. em ebulição, eles ferviam. senta. levanta. deita. tentou ler e não conseguiu. rasgou-se em pedaços e esperou alguém pra juntar.
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foi um sonho, criança. acalma o coração. o que não há de ser, não será. e o que não foi, tampouco há de voltar. foram palavras, criança. o vento leva, bem o sabes.
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os olhos ainda rasgam tudo a sua volta por onde passam. verdes e intensos, hoje amanheceram perdidos.
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saia da minha frente. o que esses olhos rasgam, eu bem sei, não volta jamais a se juntar.