segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

divagando na madrugada.

traço metas madrugada a dentro. ouço ele, irmão, me dizer que no meio do ano vai sair pra explorar o mundo. ouço os pais me dizerem que, em um ano, se mudam do rio em definitivo. ouço meu coração me dizer que a hora é de se preocupar com a cabeça e com o corpo mais do que com ele. ouço música. ouço vozes e imagino rostos, corpos, gestos. imagino coisas diferentes. vejo belo horizonte. a segunda-feira chega mansa, só e chuvosa pela minha janela. dois ventiladores e o som de turbina de avião. não sei precisar se o mundo está me deixando ou se estou deixando o mundo. penso em gente que não pensa em mim. e não sei explicar o porquê das coisas acontecerem desse jeito. ter vinte e um anos, às vezes, é difícil. é não ter o pé na casa da adolescência e nem bem saber o que é ser adulta. é não querer acreditar que as pessoas vêm e vão enquanto se vê isso acontecer. é ter toda a disposição para trabalhar e, ao mesmo tempo, querer dormir doze horas e ir à praia todos os dias. é começar a viver de novo, como se os vinte anos que ficaram para trás de nada me valessem. é sentir-se invencível sabendo que não se pode ser. e achar que o corpo é fechado mesmo tendo cortes de papel nas mãos. é paradoxal. é vivo. acima de tudo, é confuso. há pressão, há medo, há dor. e há também um inigualável prazer de fazer tantos planos no silêncio da casa onde todos já foram dormir. é sonhar mais forte porque sabe que se tem peito pra realizar. é saber que, em alguns meses, chegam os vinte e dois. e que, provavelmente, essa confusão não há de se desfazer milagrosamente. mas, ainda assim, acreditar que o 'mito' dos vinte e um vai ser erradicado. na verdade, o mito não é acerca da idade, mas do fato de nos tornarmos 'adultos'.
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ouvindo: carlos e cecília - polar.