domingo, 4 de março de 2007

razão e sensibilidade.

beijou-o afoita, com as mãos trêmulas que apertavam-se contra as costas e os olhos entreabertos procurando quem fosse contar daquele encontro atrás do prédio da faculdade de educação. clandestina, criminosa, cândida. entregou-se ali ao errado, ao desviante, ao repreensível. e, mesmo com a consciência em peso, o coração batia forte e compassado. amou. amou intensamente os lábios, as mãos, os olhos, o toque macio, os cheiros, o gosto. aconchegou-se no peito morno e sentiu uma segurança sem fim. era dele e era indefesa.
.
quantas noites antes de dormir, esse filme não passa na cabeça... mas amedrontou-se demais para tal. não o beijou, não o sentiu, não deixou seu corpo acompanhar os acordes da canção que ele lhe cantara. quis agir correto e, hoje, quanta falta faz o que não viveu... sente saudade de um beijo que nunca aconteceu.
.
começa, então, a compreender que a razão é boa mas que o coração precisa cantar mais alto. porque isso é viver: sentir o sangue ferver vez ou outra, sentir o vento acariciando os cabelos, sentir os pés descalços caminhando na areia dos dias...
.
parece que o amor chegou aí. eu não estava lá, mas eu vi.
.
.
.
ouvindo: fez-se mar - los hermanos