os opostos se distraem nos jogos do coração.

enquanto eu finjo ser extrovertida, você se fecha e me deixa perdida (em dúvida). enquanto eu vou navegando nos mares do rio, você prefere os ares da sua cidade do interior. enquanto eu não calculo os meus atos, você cria hiatos entre uma mensagem e outra. se eu sorrio, você é sério. e quando eu sou séria, você sorri. é quase um jogo de ver quem faz o outro perder a estribeiras. não sei se você me testa ou desdenha porque assim as coisas são. eu finjo ser efervescente e vibrante, você faz questão de ser frio e distante. você é o lado de dentro e eu, o de fora. somos como um pote e uma tampa, que não necessariamente fazem parte do mesmo conjunto. eu finjo ter paciência e você finge não estar nem aí. ou será que não está mesmo? eu gosto de dar passos largos em direção ao que está no fim da estrada e você é contido. você desabafa um pouco, nas madrugadas, e me conta de outros amores, de outros casos, besteiras. eu me mantenho firme. não tremo na estrutura ao seu lado, mas tremo nos alicerces com cada palavra sua. e se eu pudesse desabar a qualquer momento, seria em cima de você. e se eu pudesse resolver de vez essa minha (leve) obsessão, seria em você, sendo parte de você, sendo o lado de fora do seu lado de dentro. porque você, de repente, se tornou um desafio. o meu desafio pessoal. e somos como cão e gato. ou melhor, como cão e cão. porque você posa de gato, escorregadio e coisa e tal, mas se confessa quando os outros não podem ouvir. você se confessa pros meus olhos e depois finge não saber. eu não me abro, até me escondo e eu tenho até uma pontada de medo de você. então faça o favor de parar de fingir que eu e você não somos iguais. dá até pra perceber toda vez que a gente deixa as palavras se soltarem no vácuo temporal daquelas telas frias. você posa de firme e eu de donzela, mas a gente é farinha do mesmo saco. e se você finge não perceber, eu posso até mostrar...
.
quer? então é só pagar pra ver...
.
.
.
ouvindo: a veces vuelvo - catupecu machu.