a lapa é o ponto maior do mapa.

hoje ouvi que aos quinze anos achamos que somos a prova de balas. aos vinte e dois, talvez eu ainda conserve em mim um pouco disso. uma semana depois daquele que pode, muito bem, ter sido "oshowdaminhavida", sinto saudade da lamaceira que a gente se meteu naquela noite suja da lapa.
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eu, que nunca fui desses agitos alcoólicos, agora estou aqui, de pijama, diante de uma tela fria, querendo voltar no tempo e encarar o cheiro ruim das vielas mal iluminadas desse bairro pelo qual sustento um tremendo medo banhado em irritação e uma dose de ódio.
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ah! de repente senti uma veia boêmia rasgando o meu pescoço. e deve ter sido o momento. deve ter sido aquele calor embalando a gente. deve ter sido a voz do marcelo dando o tom. deve ter sido aquele olhar que eu troquei com ele e seus olhos muito, muito azuis. deve ter sido a aura da lapa me pegando pelas mãos e dizendo "vem dançar, vem!".
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todos os sorrisos inebriantes daquela noite, os papos sem nexo aparente, "mêixmu" e "mêzmo"... uma noite perdida num infindável calendário, repleta de ação, romance, mistério. cantos em uníssono que despertaram nossos mais profundos silêncios.
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era sexo sem ser. selvagem. de mãos, bocas, pés, pernas, urros, pêlos. tudo só no olhar. fanatismo. era quase religião. era elevado. era tudo oração.
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ouvindo: fez-se mar - los hermanos.