a mágica perdida.
sentira que os melhores dias lhe haviam sido roubados. apesar dos meros vinte e dois anos de idade, já lhe caía o peso do mundo pelas costas. um mundo que evitava, trancafiando-se em suas fantasias sempre que possível. era severamente repreendida pelos próximos, inúmeras vezes. mas não abalava-se com essa espécie de crítica. a fantasia sempre teve um gosto melhor e, aparentemente, mais saudável.
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porém, agora, a mágica lhe havia sido roubada. como em um estalo de dedos rijos, sentiu que esvaía-se de seu ser toda a capacidade de criar para si mesma uma felicidade instantânea. já não cantava mais e passava ao largo dos espelhos da grande casa onde residia. procurava restringir-se aos seus aposentos e enfiar-se em livros, buscando talvez um universo ao qual pudesse pertencer. havia perdido algo de especial que sempre carregara consigo. e não sabia como reavê-lo.
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ainda que lhe fosse conveniente chorar, não cedia. punha suas vestes mais largas e prendia as madeixas avermelhadas, deitava-se de bruço e saboreava as páginas de um romance que jamais poderia ser seu. sentia-se sem a capacidade de sonhar sozinha. sentia que todos à sua volta tinham encontrado-se com o tal mundo real que apoiava-se em suas largas costas alvas, com a sua excessão.
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não compreendia. um dia sentira-se rainha de seu domínio, ainda que imaginário e, agora, sentia vergonha de si própria e escondia-se.
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porém, agora, a mágica lhe havia sido roubada. como em um estalo de dedos rijos, sentiu que esvaía-se de seu ser toda a capacidade de criar para si mesma uma felicidade instantânea. já não cantava mais e passava ao largo dos espelhos da grande casa onde residia. procurava restringir-se aos seus aposentos e enfiar-se em livros, buscando talvez um universo ao qual pudesse pertencer. havia perdido algo de especial que sempre carregara consigo. e não sabia como reavê-lo.
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ainda que lhe fosse conveniente chorar, não cedia. punha suas vestes mais largas e prendia as madeixas avermelhadas, deitava-se de bruço e saboreava as páginas de um romance que jamais poderia ser seu. sentia-se sem a capacidade de sonhar sozinha. sentia que todos à sua volta tinham encontrado-se com o tal mundo real que apoiava-se em suas largas costas alvas, com a sua excessão.
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não compreendia. um dia sentira-se rainha de seu domínio, ainda que imaginário e, agora, sentia vergonha de si própria e escondia-se.
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ouvindo: dá-me ar - toranja.