o gustavo leão.

andando pelas calmas ruas de petrópolis, eis que reparei uma comoção feminina engraçada atravancando o meu caminho. eu, como boa futura comunicóloga e taurina curiosíssima, não resisti e entrei no meio. afinal, quando se vê várias mulheres histéricas juntas, ou há uma gigantesca barata encurralando-as ou há algo bom, mas bom demais, deixando as pobre-coitadas sem fôlego. e eu apostei na segunda opção.

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- dá licença, que tá rolando aí?
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- ai, é gu!

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- gu?
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- é, da novela das oito! o gustavo leão!
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meu cérebro congelou por alguns segundos. sabe quando seu pc abre uma janelinha com uma barrinha em que os pedacinhos em azul vão se completando? então, carregando. e as barrinhas azuis se completando e nada do meu querido cérebro acessar a informação sobre quem seria esse ser tão famoso - e de quem aquela garota ultra histérica parecia tão íntima - O GUSTAVO LEÃO.
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referências a gustavo eu não tinha muitas. gustavo, gustavo... gustavo endres, o jogado de vôlei, cerca de dois metros de um gaúcho de passo fundo, ruivo e, pra minha tristeza, casado e pai de dois filhos. qual mais gustavo famoso eu conhecia? gustavo, gustavo... gustavo ninguém. não vinha um gustavo sequer à mente, muito menos um leão que, pra mim, até aquele momento era só aquele animal de juba vasta e pêlo caramelo que vive nas savanas africanas e nos zoológicos do mundo.
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foi então que a comoção pareceu se acalmar diante do prospecto do mitológico e apoteótico gustavo leão *tã-dã* sair da loja onde estava pra dar um "oizinho" pras dezenas de cabeçudas que não iam caber aglomeradas do lado de dentro. e eu acho até que eu era uma delas. eu tava ali, não tava? e eu queria ver, não queria?
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quatro seguranças fortões fizeram um corredor - que não era polonês, senão todo mundo perdia o emprego - e o moreno e não muito alto gustavo leão passou. olhei, olhei, olhei e, ainda assim, nenhuma referência. pensei que isso, com certeza, se dá ao fato de eu não assistir novela. pode me chamar de esnobe, mas eu não assisto novela mesmo, de nenhuma espécie e em nenhum canal. então, pra mim, o gustavo leão era mais um rapazinho de cabelo bagunçado que podia passar por mim calmamente pela rua.
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foi então que eu ouvi um dos invejosos meninos comentar: pô, não foi esse cara que atropelou uma velha no rio? AH! como um clarão de luz, o nome GUSTAVO LEÃO se iluminou na minha mente. sim, sim, sim! era sobre ele a manchete que li naquele "o dia" - não, eu normalmente não leio "o dia", mas eu tenho um professor que leva os jornais e insiste que leiamos aqueles que não temos em casa e calhou de, nesse dia, eu ter que ler "o dia", etc e tal - sobre ator global que atropelara velhinha na barra da tijuca. quer dizer, estava eu ali cara a cara com o famosíssimo atropelador de velhinhas da barra da tijuca e não conseguia sequer me lembrar uma coisinha boba que ele tivesse feito na televisão.
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aposto que noventa e nove por cento daquela meninada ali não lembrava ou não sabia do ocorrido. mas, com certeza, elas sabiam o nome completo, a data de nascimento, o estado civil, que carro dirige e todos os papéis de suposto destaque do apoplético gustavo leão. e tudo que eu tinha em mãos era uma lembrança de manchete de um jornal que paira entre sensacionalismo classe C e informação classe B.
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eu não sei exatamente o que nisso é bom ou ruim, só sei que meus "genes" comunicólogos funcionam. gustavo leão, o atropelador de velhinhas, agora tem uma face na minha lista de registros mentais e nem é tão atraente assim.
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as meninas hoje em dia acham qualquer coisinha à toa bonita, né?
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ouvindo: o lobo da estepe - 3steps.
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créditos da foto: google imagens. devidamente censurada porque eu não faço idéia de quem seja a fã ao lado do mito gustavo leão. mas, se caiu na internet, é peixe e domínio público.