volver a los diecisiete.
volver a los diecisiete después de vivir un siglo
es como descifrar signos sin ser sabio competente,
volver a ser de repente tan frágil como un segundo
volver a sentir profundo como un niño frente a dios
eso es lo que siento yo en este instante fecundo.
volvier a los diecisiete
mercedes sosa
no ônibus, voltando pra casa, três rapazinhos conversavam animadamente sobre videogames e rpgs. eu estava sentada perto, me lembrando dos meus amigos que eram assim aos dezessete. com dezessete anos eu "estreei" na ufrj. logo conheci um monte de gente nova e diferente das pessoas que andavam comigo no colégio. aos dezessete anos, eu conheci uma pessoa que me faria sofrer muito pela primeira vez de verdade. aos dezessete anos eu tomei a decisão de pintar os cabelos, até então naturalmente loiros. aos dezessete eu descobria o mundo e gostava de meninos que falavam sobre videogames e rpg. com dezessete anos a vida parecia mais fácil.
aos dezessete eu ouvi o emblemático: "você acha melhor a gente começar sendo amigo ou posso te pedir em namoro agora?" que, pra sempre, mora dentro de mim como a demonstração mais pura e simples da impulsividade dessa idade. hoje em dia a gente sai uma, duas, três, quatro vezes com a pessoa... às vezes a gente beija, às vezes - com o perdão do termo - a gente fode. e ainda assim não é namoro. ainda assim é "ficar", "sair", "se conhecer"... e eu sinto falta do "posso te pedir em namoro agora?" mais bonito e mais sincero que eu já ouvi, mais espontâneo e, quiçá, mais impulsivo.
e mesmo que depois nós dois tenhamos nos separado, mesmo que depois eu tenha passado pela primeira provação amorosa, eu tenho calafrios só de lembrar dos dois de mãos dadas, pela primeira vez, e ele já falando em conhecer os pais, em fazer parte dos amigos... tão feliz, tão sorridente...
coisa que nunca mais aconteceu comigo. coisa que, talvez, nunca mais vá acontecer. porque isso foi aos dezessete, quando eu não acreditava em erro, em pessoa errada, em fins. aos dezessete eu só acreditava que podia fazer o que quisesse porque o mundo era novo, o mundo se abria em leque e as oportunidades vinham na minha direção. e o sofrimento, aos dezessete, era a inevitável conseqüência da impulsividade. mas era vida. tudo aquilo era vida.
hoje, aos vinte e dois, eu ando vivendo de lembrança e saudade. eu ando colocando vírgula em todas as minhas frases para que eu possa me enganar quanto ao ponto final (toda vez que ele parece chegar, eu driblo. eu faço de conta que ele é vírgula e vivo mais um momento pensando nas infinitas possibilidades que essa mesma pode me conceder.). eu ando fingindo que também acredito no timming que você me disse acreditar tão piamente. e talvez eu sofra mais que aos dezessete por ser incapaz de ser impulsiva. talvez eu sofra por me reprimir. talvez eu sofra por querer pular no seu caminho e dizer que nada daquilo lá atrás foi de verdade, que foi tudo rascunho da história bonita que a gente poderia escrever junto hoje... eu e você, acima de tudo e de todos os outros.
mas eu não tenho mais dezessete. e hoje é preciso pensar mais com a cabeça que com o coração. hoje é preciso fugir dos espinhos se a gente já sentiu a dor de tê-los cravados no peito. hoje não há mais espaço pro impulso, tão maravilhosamente descoordenado e proporcionador dos melhores e maiores momentos felizes dessa vida. impulso que, certamente, me fez beijar você naquele dia enquanto nos abraçávamos amigavelmente.
quem me dera poder voltar aos dezessete... ou, quem sabe, um ano nessa vida.
aos dezessete eu ouvi o emblemático: "você acha melhor a gente começar sendo amigo ou posso te pedir em namoro agora?" que, pra sempre, mora dentro de mim como a demonstração mais pura e simples da impulsividade dessa idade. hoje em dia a gente sai uma, duas, três, quatro vezes com a pessoa... às vezes a gente beija, às vezes - com o perdão do termo - a gente fode. e ainda assim não é namoro. ainda assim é "ficar", "sair", "se conhecer"... e eu sinto falta do "posso te pedir em namoro agora?" mais bonito e mais sincero que eu já ouvi, mais espontâneo e, quiçá, mais impulsivo.
e mesmo que depois nós dois tenhamos nos separado, mesmo que depois eu tenha passado pela primeira provação amorosa, eu tenho calafrios só de lembrar dos dois de mãos dadas, pela primeira vez, e ele já falando em conhecer os pais, em fazer parte dos amigos... tão feliz, tão sorridente...
coisa que nunca mais aconteceu comigo. coisa que, talvez, nunca mais vá acontecer. porque isso foi aos dezessete, quando eu não acreditava em erro, em pessoa errada, em fins. aos dezessete eu só acreditava que podia fazer o que quisesse porque o mundo era novo, o mundo se abria em leque e as oportunidades vinham na minha direção. e o sofrimento, aos dezessete, era a inevitável conseqüência da impulsividade. mas era vida. tudo aquilo era vida.
hoje, aos vinte e dois, eu ando vivendo de lembrança e saudade. eu ando colocando vírgula em todas as minhas frases para que eu possa me enganar quanto ao ponto final (toda vez que ele parece chegar, eu driblo. eu faço de conta que ele é vírgula e vivo mais um momento pensando nas infinitas possibilidades que essa mesma pode me conceder.). eu ando fingindo que também acredito no timming que você me disse acreditar tão piamente. e talvez eu sofra mais que aos dezessete por ser incapaz de ser impulsiva. talvez eu sofra por me reprimir. talvez eu sofra por querer pular no seu caminho e dizer que nada daquilo lá atrás foi de verdade, que foi tudo rascunho da história bonita que a gente poderia escrever junto hoje... eu e você, acima de tudo e de todos os outros.
mas eu não tenho mais dezessete. e hoje é preciso pensar mais com a cabeça que com o coração. hoje é preciso fugir dos espinhos se a gente já sentiu a dor de tê-los cravados no peito. hoje não há mais espaço pro impulso, tão maravilhosamente descoordenado e proporcionador dos melhores e maiores momentos felizes dessa vida. impulso que, certamente, me fez beijar você naquele dia enquanto nos abraçávamos amigavelmente.
quem me dera poder voltar aos dezessete... ou, quem sabe, um ano nessa vida.