terça-feira, 20 de novembro de 2007

morre-se pela boca.

imóvel. um metro e oitenta de imobilidade ao meu lado. óculos, cabelos negros bagunçados. estático. camisa bacana com alguma inscrição qualquer de banda. e os meus olhos aqui e ali, nos pés e nos ombros, pelo pescoço até o lóbulo direito. um alargador.

será que meu dedo passa?
seu dedo?
é.
seu dedo passa aonde?
no alargador.

silêncio. é engraçado quando pensamos em voz alta. e é mais engraçado quando só nos damos conta disso depois. bem depois. e o silêncio agudo ia erguendo uma parede entre meu um metro e setenta e cinco de all stars surrados e o um metro e oitenta dele sobre o par de adidas azuis. uma parede que eu via calar todo e qualquer som. uma parede de vidro que eu, a todo custo, precisava quebrar.

desculpa. pensei em voz alta.

e ele sorriu. não sei se em deboche, não sei se complascentemente... não sei se em choque, se em surpresa, se em aprovação... talvez para conter o riso fremente que já se instalava por dentro. talvez fosse excêntrico - certamente, a julgar pela aparência, era - e tivesse, quiçá, interessado-se pelo pedido inusitado. ou talvez estivesse prestes apenas a livrar-se da doidivanas...

olha, quer tentar?

e eu sorri de volta.



ouvindo: don't look back in anger - oasis.