segunda-feira, 5 de maio de 2008

cadê o veneno anti-monotonia?

pôr os pés no chão, olhar pra frente, comportar-se, ouvir mais e falar menos, comer coisas saudáveis, praticar atividades físicas, dormir somente o necessário... vida sem sal, vida light, vida de "adulto".

vontade de voar pra longe das aulas - que parecem cada vez mais intermináveis! -, dormir vinte e quatro horas seguidas, sumir do mundo de mãos dadas com o namorado... vontade de viver numa fantasia, sem precisar desse peso da responsabilidade dos vinte e três nas costas. pára, mundo! tenho vontade de girar sozinha, sem respeitar a órbita alheia.

acho que fechei os olhos e percebi que alguns sonhos foram plantados em mim. aliás, em nós todos. essa coisa de casar, constituir família, ter uma carreira, casa-carro-cachorro, vidinha mais ou menos sem sal e nem açúcar... valores plantados de gerações anteriores. coisas que foram cuidadosamente disseminadas entre a gente e a gente... ah, a gente comprou a idéia porque era "certa".

eu não sei mais qual é o meu sonho. eu não sei mais se eu tenho um sonho. talvez o sonho, nesse momento, seja experimentar uma liberdade além dessa maldita preocupação com faculdade, emprego, carreira, sustento. talvez o sonho seja viver uma coisinha simples sem botar a cabeça a prêmio buscando um espaço ridículo e mínimo entre os muitos futuros comunicólogos. o sonho é aliviar a pressão ou, quiçá, bani-la de vez da vida. o sonho é ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela pra ver o sol nascer.

vinte e três anos e já transparece o famoso "saco cheio". duas faculdades depois e descobrir, enfim, que o mundo não é perfeito e que a cada dia que passa a cobrança aumenta. seja o melhor, seja o melhor ou você não vai conseguir! odeio isso, essa pressão psicológica besta e desnecessária. odeio ouvir todos os dias os mesmos métodos de procedência, as mesmas estúpidas regras de comportamento e convivência, os "seja isso" / "faça aquilo"... e odeio ser tão incapaz de me desprender disso tudo, ser incapaz de não "engolir".

não simpatizo com essa vida sem gosto que a gente é obrigado a levar, carregando um mundo nas costas todos os dias. e a cada dia que passa mais me bate essa angústia... em outras palavras, tenho medo dessa estrada... dessa infinita highway de placas dizendo "não corra", "não morra", "não fume"... tenho medo dessa suposta liberdade pra escolher a cor da embalagem. tenho medo de sonhar esses sonhos pré-fabricados e me contentar com eles.

tenho medo de viver nessa eterna monotonia que o mundo hoje nos condena.





ouvindo: the space between - dave matthews' band.