pão com manteiga.

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confesso que, a primeira vista, imaginei alguém distinto. pensei em mil possibilidades de aproximação e mil outras de respostas, rejeições, grosserias afins. porém ele me desarmara com um sorriso tímido e a mais simples "passada" de manteiga no pão quentinho. imagem que, de imediato, me remeteu a um café da manhã de domingo na mesa da sala. o homônimo ali, sentado, apreciava o pão quente e a manteiga amarelinha e derretida enquanto eu, com o pano de pratos na cintura, trazia café e leite. ríamos os dois enquanto folheávamos jornais. dois velhos. simples e velhos. rindo de nós mesmos e da nossa extrema simplicidade solitária.
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pisquei os olhos como quem quisesse acordar. ele ainda estava ali sentado, contando-me coisas que eu deveria me interessar em saber. no entanto, minha nova obsessão era simplicidade daquele sorriso discreto. os lábios que se moviam, vez ou outra, se fechavam de maneira curva. uma boca que se entreabria para um cigarro, para um gole de álcool, para um pedaço de pão com manteiga.
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pão com manteiga. café com leite. cigarro e cerveja. são tantas as combinações simples que parecem exatas. então congelei o momento. um frenesi momentâneo, uma paixão instantânea, uma admiração que, a partir daquela fração de segundo, prometeu ser eterna. combinações de sentimento e simplicidade.
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teu pão, tua manteiga, teu cigarro, tua cerveja. teu sotaque diferente. e tantas as tuas coisas que agora fazem parte de mim. simples e involuntariamente. porque tu és simples e involuntário.
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ouvindo: great indoors - john mayer.
confesso que, a primeira vista, imaginei alguém distinto. pensei em mil possibilidades de aproximação e mil outras de respostas, rejeições, grosserias afins. porém ele me desarmara com um sorriso tímido e a mais simples "passada" de manteiga no pão quentinho. imagem que, de imediato, me remeteu a um café da manhã de domingo na mesa da sala. o homônimo ali, sentado, apreciava o pão quente e a manteiga amarelinha e derretida enquanto eu, com o pano de pratos na cintura, trazia café e leite. ríamos os dois enquanto folheávamos jornais. dois velhos. simples e velhos. rindo de nós mesmos e da nossa extrema simplicidade solitária.
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pisquei os olhos como quem quisesse acordar. ele ainda estava ali sentado, contando-me coisas que eu deveria me interessar em saber. no entanto, minha nova obsessão era simplicidade daquele sorriso discreto. os lábios que se moviam, vez ou outra, se fechavam de maneira curva. uma boca que se entreabria para um cigarro, para um gole de álcool, para um pedaço de pão com manteiga.
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pão com manteiga. café com leite. cigarro e cerveja. são tantas as combinações simples que parecem exatas. então congelei o momento. um frenesi momentâneo, uma paixão instantânea, uma admiração que, a partir daquela fração de segundo, prometeu ser eterna. combinações de sentimento e simplicidade.
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teu pão, tua manteiga, teu cigarro, tua cerveja. teu sotaque diferente. e tantas as tuas coisas que agora fazem parte de mim. simples e involuntariamente. porque tu és simples e involuntário.
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ouvindo: great indoors - john mayer.