sexta-feira, 4 de julho de 2008

procuramos independência?

eu já quis ser aquele tipo de mulher que, simplesmente, "não liga". eu quis não precisar de telefonemas, mensagens de celular, emails - e, hoje em dia, scraps - todos os dias. eu quis ser uma pessoa que acredita piamente na separação de espaços. eu me forcei a crer numa independência total de qualquer outro ser humano. eu quis viver egoistamente atrás do alcance de objetivos somente meus. tentei não dividir, não me dividir e não participar de qualquer divisão. eu quis ser absoluta em mim mesma. eu bebi, eu passei noites na lapa, eu beijei o saxofonista. eu tive conversas profundamente existenciais e momentos de silêncio que me disseram muito mais. eu quis ter aquela vida vulgar de quem não se importa, de quem é dono do próprio nariz, de quem acha que não precisa ter pra quem voltar quando for a hora de ir pra casa. eu quis ser tão minha, tão só e tão dona de tudo que acabei percebendo... eu não sou assim. eu preciso do contato, eu preciso da voz, eu preciso dos cheiros e dos gostos, eu preciso das palavras nas conversas, eu preciso saber apenas da existência dessa outra pessoa. e eu preciso realizar coisas por ela e para ela. eu preciso fazer tudo, ver tudo, saber tudo, entender tudo que ela tem, faz ou gosta. e, sem isso, eu não sou eu. eu não vivo, eu vegeto. eu fico tentando ser o que eu não sou, me forçando a acreditar em coisas inacreditáveis... eu preciso depender.

eu não procuro independência.
eu não acredito na distância entre nós.


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